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Prólogo

Havia muito tempo, antes mesmo de qualquer memória poder ser gravada no tecido da existência, surgiu uma entidade. No início, era apenas mais um entre tantos, mas, à medida que evoluía, sua essência se moldava em algo diferente… algo acima de tudo. O poder que acumulava não a fortalecia apenas; devorava-lhe a alma, tornando-o um deus egocêntrico, embriagado pelas próprias conquistas.


Mas os deuses também se corrompem.

E esse ser — já irreconhecível diante do que fora um dia — voltou-se contra o próprio povo.


Com um único ato de rebeldia, abandonou tudo o que o havia forjado. Buscando escapar dos limites impostos por sua própria realidade, lançou-se contra a “barreira” que sustentava o universo. E a rompeu.


Do outro lado, encontrou o impossível: um plano maior.

Não havia tempo. Não havia espaço.

Somente o vazio absoluto. Um abismo silencioso que nada permitia adentrar… nada, exceto ele.


E assim, diante da imensidão sem forma, o deus sorriu.


Aquele lugar, outrora intocável, fora agora profanado. Movido por arrogância, o ser ergueu sua presença sobre o plano superior, como um conquistador que finca sua bandeira em terras recém-descobertas.


E naquele silêncio absoluto, onde nem o eco podia existir, nasceu a tirania de uma divindade que se apossava não de um mundo… mas do próprio nada.


Diante daquela vastidão absurda, um vácuo imensurável e silencioso, a divindade permaneceu imóvel por um instante… observando. O nada se estendia até onde sua percepção podia alcançar, e mesmo para um deus, aquele vazio parecia sufocante.


Foi então que ele decidiu agir.


Com um simples levantar de mão, sua voz ecoou como um trovão que rasgava o próprio silêncio do plano:


— Faça-se a luz.


“Fuuuuushhh!”


Uma energia colossal explodiu a partir de sua palma. A escuridão que reinava foi rasgada por uma luz incandescente, expandindo-se em todas as direções. Daquela centelha nasceu algo maior: um universo.


Planetas surgiram em sequência, como sementes lançadas ao vento. Estrelas cintilantes brilharam ao longe, reunindo-se em constelações. Com o fluir do tempo, tudo se condensou em gigantescas galáxias que giravam em perfeita harmonia.


O deus observava satisfeito. Seu peito inflava de arrogância, como se cada astro fosse apenas um enfeite para exaltar sua glória. Mas ainda assim… algo lhe incomodava.


— Qual o propósito de tudo isso? — murmurou. — O que posso mudar neste vazio preenchido?


Criar o universo não bastava. Seu orgulho exigia mais. Ele queria domínio, adoração, servos que carregassem sua marca.


E então, novamente, ele ergueu a mão.


"Klaaar!"


Do seu poder, surgiram formas vivas. Seres semelhantes a ele, moldados em sua própria imagem, dotados de força e conhecimento além da compreensão. Criaturas destinadas a servir.


O deus arrogante lhes lançou o decreto:


— Eu sou o vosso criador. A minha vontade será a lei que regerá suas existências. Obedeçam-me, e a eternidade será o vosso destino.


E assim foi feito.


Aqueles seres, perfeitos e temidos, tornaram-se um clã. Não um povo qualquer, mas o Clã Ōtsutsuki — a mais poderosa entre todas as criações do deus. Seres destinados a vagar pelo cosmos, levando consigo o peso da autoridade de seu criador.

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